Problemas com o chichi?

23 de junho de 2009

Artigo sobre as infecções urinárias em crianças, da autoria do Dr. Moises Chencinski, especialista brasileiro:

A forma mais comum para contrair uma infecção do tracto urinário (ITU) é o ascendente, ou seja, a bactéria vem de fora e sobe pelo canal da urina (a uretra), até atingir a bexiga, podendo subir pelos ureteres e chegar até os rins, provocando quadros graves de infecção aguda (pielonefrites), ou até insuficiência renal. Em crianças, as bactérias mais responsáveis pela infecção de urina são a Escherichia coli (em meninas) e o Proteus mirabilis (em meninos). Todos os bebés evacuam nas fraldas e as fezes, que possuem essas bactérias, entram em contacto com a vagina, pénis e a uretra.

Os sintomas mais tradicionais da ITU são febre, dor ou ardor para urinar, hematúria (sangue na urina) visível (macroscópica) ou invisível (microscópica). Mas, em crianças pequenas, isso não é tão claro assim. Muitas vezes, apenas a perda de apetite, mudanças de humor, alteração de peso inadequada e febre sem causa aparente, podem apontar para a necessidade de uma investigação. O exame laboratorial que dá o diagnóstico de ITU é o de urina, composto de duas partes. A urina tipo 1, colhida e analisada de forma mais rápida, que pode indicar a presença de glóbulos brancos e/ou glóbulos vermelhos na urina. Esse é um exame de execução rápida e apenas indica a possibilidade de infecção. Mesmo assim, esse exame pode aparecer alterado em outros quadros como febre, vulvovaginite (corrimento), balanopostite (inflamação no prepúcio), virose, reacção pós-vacinal, gastroenterocolite (diarreia), desidratação, entre outros. Mas mesmo com esse exame alterado, não há certeza desse diagnóstico. Para a confirmação, é necessária a realização da urocultura, que indicará se existe uma infecção, qual a bactéria responsável e a que antibióticos ela é sensível (antibiograma). Para que esse diagnóstico seja confiável, a colheita deve seguir sérios critérios para que não haja uma contaminação. Deve-se proceder a uma assepsia (higiene) adequada, no
laboratório ou no hospital. Se a criança não consegue ainda controlar a urina, a
forma mais simples de colher esse exames é através da utilização de um saco
colector de plástico, com troca a cada 20 a 30 minutos e, caso não haja diurese, fazer nova assepsia. Em crianças que já controlam a urina, o método de escolha deve ser o jacto intermediário ou jacto médio. Após a assepsia, pede-se que o paciente elimine o jacto inicial de urina e segure, por duas vezes. O jacto final deve ser desprezado também, não sendo utilizado para o exame.

E depois disto... acabou? Ainda não. A importância do diagnóstico adequado reside no tratamento de forma criteriosa e pesquisa para elucidar se existe alguma causa que possa justificar a falha nos mecanismos de protecção. Por isso, existe a necessidade de investigação laboratorial e de imagem específicos. Alguns podem ser mais invasivos e incómodos, para dar continuidade ao tratamento clínico e até cirúrgico. A ITU é uma das infecções mais comuns na pediatria e pode indicar a presença de alteração congénita (desde o nascimento) em 30-50% dos casos. Se o diagnóstico e tratamento não forem feitos a tempo, essas crianças podem evoluir com perda progressiva da função renal, hipertensão arterial, insuficiência renal crónica, ou até necessidade de diálise e transplante renal.

Para finalizar, vale lembrar o básico: consulte sempre seu médico de confiança. Não automedique nem "autodesmedique" seus filhos. Um quadro que pode parecer inicialmente simples, se não for diagnosticado e tratado de forma adequada, pode trazer sérias consequências à saúde e comprometer o futuro da criança.
Fontes: http://www.guiadasemana.com.br/Sao_Paulo/Criancas/Noticia/Problemas_com_o_xixi_.aspx?id=54421 e http://www.guiadasemana.com.br/Sao_Paulo/Criancas/Noticia/Nao_e_facil.aspx?id=55015

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