Troca de rins de dadores vivos não relacionados (Transplant Swap)
14 de novembro de 2007
Quando alguém é considerado candidato a transplante, normalmente essa pessoa irá explorar a possibilidade de encontrar um dador vivo compatível, quer seja familiar ou um amigo próximo. Agora, imagine que existe no núcleo de amigos/família uma pessoa disposta a doar-lhe um rim, mas que no entanto não é compatível. Apesar de sabermos que já é possível transplantes com tipos de sangue incompatíveis (ver post), este não é ainda um procedimento muito comum nem possível em todos os casos.
O processo, que consiste num esquema de troca entre dois pares cujos tipo de sangue são incompatíveis, foi pioneiro na Holanda e nos EUA e, desde 2006, foi aprovado também no Reino Unido. Vejamos um exemplo:
No 1º par, o Receptor 1 não é compatível com o Dador 1. No 2º par, o Receptor 2 e o Dador 2 não são compatíveis. Contudo, o Dador 1 é compatível com o Receptor 2 e o Dador 2 é compatível com o Receptor 1. Se ambos os pares estiverem dispostos a efectuar a "troca", que deve ser devidamente monitorizada pela entidade reguladora de transplante de órgãos, estão criadas as condições para um transplante compatível. Cabe ao hospital agrupar os potenciais dadores vivos por idade e função renal, de forma a assegurar a equidade do processo de troca. O hospital deve também garantir que os processos de avaliação e de cirurgia decorrem simultaneamente, para evitar que alguém desista antes de a troca estar completa. Este esquema de troca pode mesmo ser alargado e aplicar-se a 3 pares de dador/receptor, ou mais, até mesmo criando uma cadeia de transplantes.
Esta troca de rins permite, não apenas retirar duas pessoas da lista de espera (ou mais), como também permite aumentar os transplantes de dador vivo, o que favorece os receptores, já que a taxa de sobrevivência é maior e a taxa de rejeição menor, comparativamente aos transplantes com rim de cadáver.
Num estudo de 2005 calculou-se, através de um modelo matemático, que através de um programa nacional optimizado, poder-se-iam identificar (nos EUA) 47% de pares incompatíveis susceptíveis de entrarem num esquema de troca deste género, o que seria mais compensador financeiramente do que manter as mesmas pessoas em diálise, enquanto aguardam um transplante de cadáver.
Em Portugal, tal como referimos a 7/11, lamentavelmente, ainda não é possível a doação fora do seio familiar, uma vez que ainda não se aplica a nova lei, quanto mais podermos imaginar este tipo de transplantes. Para quando em Portugal?
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