Insuficientes renais acusam DGS de não fazer prevenção sobre doença renal crónica

4 de novembro de 2010

A Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR) acusou esta quinta-feira a Direcção geral da Saúde (DGS) de não fazer prevenção em relação à doença renal crónica, defendendo que isso poderia retardar ou mesmo evitar o aparecimento deste problema, avança a agência Lusa.

A acusação da APIR surge na mesma altura em que a DGS apresenta no II Congresso Nacional de Saúde Pública, que decorre no Porto, uma moção onde estão incluídas todas as doenças crónicas sobre as quais o Estado pretende levar a cabo acções de prevenção.

Segundo o presidente da APIR, apesar de a doença renal crónica ser abordada, a patologia não é incluída na lista de doenças a prevenir.

Carlos Ferreira da Silva adiantou que a APIR tem “feito várias diligências junto da DGS” para um trabalho ao nível da prevenção, a última dos quais em 2008.

“Foi proposto que participassem na campanha de prevenção o Ministério da Saúde, a DGS e também os prestadores de diálise e propusemos que entre 0,5 e 0,1 do custo total da diálise deveria ser reencaminhado para a prevenção da doença renal crónica”, disse Ferreira da Silva.

A ideia, assegura, foi aceite pelo Ministério da Saúde, que terá dado ordens à DGS para avançar com a campanha de prevenção.

“Isto foi em Setembro de 2008 e até esta quinta-feira não obtivemos qualquer resposta”, garantiu Ferreira da Silva, frisando que Portugal é “o único país do mundo” que não tem qualquer apoio governamental para assinalar o Dia Mundial do Rim.

“Sentimos que perante a população em geral não há o mínimo de conhecimento sobre a doença renal crónica e é perante isso que temos feito várias propostas”, justificou.

Ferreira da Silva lembrou que todos os anos entram no Serviço Nacional de Saúde (SNS) cerca de 2500 novos doentes para tratamento da insuficiência renal e que o tratamento destes doentes é um peso “muito grande” para os cofres do Estado.

“Fazendo uma prevenção bem feita e bem seguida possivelmente podemos retardar o doente a ir para tratamento da insuficiência renal, que é muito mais caro. Além disso, a própria qualidade de vida do doente é totalmente diferente”, referiu o presidente da APIR.

Ferreira da Silva admitiu que, porém, há situações em que mesmo com prevenção “não se consegue deixar de caminhar para a doença crónica” e que há “falta de especialistas" para acompanhar estes doentes.

A Lusa tentou contactar a DGS sobre este assunto, mas tal não foi possível.

Questionado sobre a intenção da ministra da Saúde, Ana Jorge, de concentrar os tratamentos de hemodiálise nos hospitais públicos, o presidente da APIR disse “não acreditar naquilo que a ministra disse”.

De acordo com Ferreira da Silva, os hospitais públicos “não têm capacidade para receber todos os doentes”, mas desafiou Ana Jorge, se a ministra quiser “passar das palavras aos aptos”, a começar pelo distrito de Leiria, onde há uma das maiores incidências de doença renal crónica.

Fonte: http://www.rcmpharma.com/news/10422/51/Insuficientes-renais-acusam-DGS-de-nao-fazer-prevencao-sobre-doenca-renal-cronica.html

0 comentários: