Células estaminais para os rins

Os portadores de insuficiência renal crónica podem ter, dentro de alguns anos, uma opção de tratamento capaz de aumentar o funcionamento dos rins. Cientistas brasileiros verificaram que, após introduzir as células estaminais retiradas da medula óssea de ratos saudáveis noutros com insuficiência renal, conseguiam obter uma reversão do quadro da doença.

Se resultados semelhantes forem obtidos em humanos, o método poderia dispensar a diálise. Os resultados do estudo, realizado por uma equipa da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram aceites para publicação na revista Stem Cells. “Existem muitos estudos sobre células estaminais, mas nenhum ainda tinha sido feito no tratamento de insuficiência renal crónica”, afirma a médica Lúcia Andrade, da Faculdade de Medicina da USP. Andrade e sua equipa induziram a insuficiência renal em ratos por meio da retirada de um rim inteiro e dois terços do outro, reduzindo a função renal dos roedores para 20%. Cento e vinte dias após a introdução das células estaminais da medula óssea de animais saudáveis, a equipa detectou um aumento de 30% na função renal das cobaias com insuficiência renal induzida. “Um ser humano com 50% de função renal não necessita de diálise”, afirma a médica. “Teria uma vida normal, com uma dieta específica e medicamentos para controlo da doença.” Segundo Andrade, as células estaminais melhoram a função renal porque migram para o tecido lesionado e libertam, tanto substâncias inibidoras dos agentes inflamatórios responsáveis pela insuficiência renal, como elementos que induzem a regeneração das células do rim. “Muitos acreditam que as células estaminais migrem para o tecido, diferenciem-se em células específicas e assim o regenere”, explica a médica. “Mas, de acordo com nossos estudos, acreditamos que o mecanismo de ação das células estaminais seja mais imunológico que regenerativo”, defende.

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