Aceitaria um transplante de um animal?
7 de outubro de 2008
Se você estivesse durante anos em lista de espera para um transplante vital, aceitaria o coração ou o fígado de um porco geneticamente modificado?
Alguns cientistas como o Prof. Robert Winston, perito britânico em fertilidade, têm estado a investigar durante anos a possibilidade dos chamados xenotransplantes. Estes, afirma o investigador, poderiam pôr fim ao grave problema de escassez de órgãos para transplante em todo o mundo. Contudo, as autoridades britânicas, mostram-se preocupadas com os perigos potenciais destes transplantes.
A ideia do Prof. Winston, que liderou a investigação de xenotransplantes no Imperial College London, consiste em criar rebanhos de animais geneticamente modificados com órgãos transplantáveis.
Porcos de "desenho". Tal como afirma, em apenas dois anos poderiam criar-se porcos "desenhados" que ofereceriam esperança a milhões de pacientes em todo o mundo. Estes animais modificados teriam órgãos - incluindo corações, rins e fígados - que uma vez transplantados não seriam rejeitados pelo paciente humano, afirma.A investigação, contudo, está enfrentando o que o cientista chama de "processo regulatório muito burocrático, que torna muito difícil investigar com animais". Por isso, o Prof. Winstonc decidiu mudar a sua investigação de xenotransplantes para os EUA, onde as regulações neste campo são menos restritas. "Neste país é muito difícil levar a cabo estudos com animais, e ainda é muito mais difícil investigar com animais grandes, apesar de que são estudos totalmente humanitários".
"A base desta investigação é a modificação dos genes dos animais, em particular de porcos, porque estes são um modelo excelente de toda uma gama de transformações que ocorrem na biologia humana e na medicina" disse o cientista.
Engano imune. A equipa do Prof. Winston já chegou a criar porcos com esperma geneticamente modificado, no entanto as autoridades britânicas não lhes permitem reproduzir os exemplares. "Existe hoje em dia uma possibilidade real de podermos usar órgãos de porco para transplante em seres humanos", explica o investigador, o que "revolucionaria totalmente a medicina dos transplantes".
O principal problema dos transplantes, incluindo de humano para humano, é que o órgão pode ser rejeitado pelo sistema imunitário. Nos xenotransplantes o problema é ainda mais grave, já que todas as células mamíferas possuem marcadores que permitem que o sistema imunitário os reconheça como estranhos.
Para superar este problema, os investigadores estão a criar porcos geneticamente modificados, que transportem genes capazes de alterar as moléculas chave na superfície dos órgãos e que "enganem" o sistema imunitário e os faça pensar que são humanos. Os cientistas crêm que, com este "disfarce humano" dos órgãos, se poderiam levar a cabo transplantes com êxito.
"Além do mais - diz o Prof.Winston - também poderíamos usar estes órgãos animais para testar novos medicamentos e desta forma reduzir as possíveis reacções perigosas dos testes em humanos. Se, como sociedade, estamos de acordo que é ético utilizar animais como fonte de alimentos, também deveríamos estar de acordo que é melhor usá-los para salvar vidas" acrescenta o investigador.
Receios. Os órgãos dos animais seriam geneticamente modificados para evitar a rejeição. O principal argumento contra esta investigação é que os xenotransplantes têm o potencial de propagar doenças infeciosas do animal dador, como por exemplo doenças causadas pelo retrovírus, um tipo de vírus que tem origem no animal e ao qual este é imune, mas que é capaz de infectar as células humanas.
"Entendo que deve haver regulações nestes procedimentos quando claramente existe um risco para o ser humano", afirma o investigador britânico. "No entanto, se você é um paciente à beira da morte por falta de um órgão, não estaria disposto a arriscar-se com este transplante para salvar a sua vida?"
O investigador afirma que o objectivo da sua investigação é criar porcos que não tenham estes vírus e, ainda que os tenham, disse, existem estratégias para evitar a sua propagação ao ser humano. E, enquanto a Europa diz "não" aos xenotransplantes, esta tecnologia continua avançando na China, Índia e outros países.
"Nos Estados Unidos não consideram que esta tecnologia seja perigosa - diz o investigador - pelo contrário, há um optimismo geral perante este trabalho que cremos que salvará se não milhares, pelo menos centenas de milhares de pessoas em todo o mundo".
Segundo o Parlamento Europeu, mais de 60.000 pessoas estão em lista de espera para um transplante. Os peritos afirmam que cerca de 60% destes pacientes morrerão enquanto esperam por um dador.
Fonte: http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/science/newsid_7605000/7605919.stm
Alguns cientistas como o Prof. Robert Winston, perito britânico em fertilidade, têm estado a investigar durante anos a possibilidade dos chamados xenotransplantes. Estes, afirma o investigador, poderiam pôr fim ao grave problema de escassez de órgãos para transplante em todo o mundo. Contudo, as autoridades britânicas, mostram-se preocupadas com os perigos potenciais destes transplantes.
A ideia do Prof. Winston, que liderou a investigação de xenotransplantes no Imperial College London, consiste em criar rebanhos de animais geneticamente modificados com órgãos transplantáveis.
Porcos de "desenho". Tal como afirma, em apenas dois anos poderiam criar-se porcos "desenhados" que ofereceriam esperança a milhões de pacientes em todo o mundo. Estes animais modificados teriam órgãos - incluindo corações, rins e fígados - que uma vez transplantados não seriam rejeitados pelo paciente humano, afirma.A investigação, contudo, está enfrentando o que o cientista chama de "processo regulatório muito burocrático, que torna muito difícil investigar com animais". Por isso, o Prof. Winstonc decidiu mudar a sua investigação de xenotransplantes para os EUA, onde as regulações neste campo são menos restritas. "Neste país é muito difícil levar a cabo estudos com animais, e ainda é muito mais difícil investigar com animais grandes, apesar de que são estudos totalmente humanitários".
"A base desta investigação é a modificação dos genes dos animais, em particular de porcos, porque estes são um modelo excelente de toda uma gama de transformações que ocorrem na biologia humana e na medicina" disse o cientista.
Engano imune. A equipa do Prof. Winston já chegou a criar porcos com esperma geneticamente modificado, no entanto as autoridades britânicas não lhes permitem reproduzir os exemplares. "Existe hoje em dia uma possibilidade real de podermos usar órgãos de porco para transplante em seres humanos", explica o investigador, o que "revolucionaria totalmente a medicina dos transplantes".
O principal problema dos transplantes, incluindo de humano para humano, é que o órgão pode ser rejeitado pelo sistema imunitário. Nos xenotransplantes o problema é ainda mais grave, já que todas as células mamíferas possuem marcadores que permitem que o sistema imunitário os reconheça como estranhos.
Para superar este problema, os investigadores estão a criar porcos geneticamente modificados, que transportem genes capazes de alterar as moléculas chave na superfície dos órgãos e que "enganem" o sistema imunitário e os faça pensar que são humanos. Os cientistas crêm que, com este "disfarce humano" dos órgãos, se poderiam levar a cabo transplantes com êxito.
"Além do mais - diz o Prof.Winston - também poderíamos usar estes órgãos animais para testar novos medicamentos e desta forma reduzir as possíveis reacções perigosas dos testes em humanos. Se, como sociedade, estamos de acordo que é ético utilizar animais como fonte de alimentos, também deveríamos estar de acordo que é melhor usá-los para salvar vidas" acrescenta o investigador.
Receios. Os órgãos dos animais seriam geneticamente modificados para evitar a rejeição. O principal argumento contra esta investigação é que os xenotransplantes têm o potencial de propagar doenças infeciosas do animal dador, como por exemplo doenças causadas pelo retrovírus, um tipo de vírus que tem origem no animal e ao qual este é imune, mas que é capaz de infectar as células humanas.
"Entendo que deve haver regulações nestes procedimentos quando claramente existe um risco para o ser humano", afirma o investigador britânico. "No entanto, se você é um paciente à beira da morte por falta de um órgão, não estaria disposto a arriscar-se com este transplante para salvar a sua vida?"
O investigador afirma que o objectivo da sua investigação é criar porcos que não tenham estes vírus e, ainda que os tenham, disse, existem estratégias para evitar a sua propagação ao ser humano. E, enquanto a Europa diz "não" aos xenotransplantes, esta tecnologia continua avançando na China, Índia e outros países.
"Nos Estados Unidos não consideram que esta tecnologia seja perigosa - diz o investigador - pelo contrário, há um optimismo geral perante este trabalho que cremos que salvará se não milhares, pelo menos centenas de milhares de pessoas em todo o mundo".
Segundo o Parlamento Europeu, mais de 60.000 pessoas estão em lista de espera para um transplante. Os peritos afirmam que cerca de 60% destes pacientes morrerão enquanto esperam por um dador.
Fonte: http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/science/newsid_7605000/7605919.stm
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