Considerações sobre a medição da tensão arterial
15 de maio de 2008
Após o nosso post de ontem, recebemos a seguinte contribuição da Prof. Helena Jardim (médica nefrologista pediátrica e colaboradora do Criança & Rim), que aprofunda a questão da tensão arterial especificamente em crianças:
A pressão arterial na criança tem as suas particularidades, como quase tudo na criança, não? E ainda bem!
Os valores normais são diferentes dos do adulto e avaliam-se também em percentis, como o peso e a estatura. Penso que as directrizes que estão num dos links têm lá os valores normais. (http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i008188.pdf,
a partir da pág. 29). Estes estão expressos não em função da idade, mas em função do percentil da estatura. Como podem concluir, facilmente, a pressão arterial varia em função da massa corporal e não da idade, porque claro, para cada idade há crianças de montes de tamanhos.
O tamanho da braçadeira com que se mede deve ser adequado ao tamanho da criança. Há, pelo menos, 3 tipos de braçadeiras pediátricas.
O melhor método para avaliar a pressão arterial é o método auscultatório, isto é, o que usa o estetoscópio. Dantes havia os aparelhos de mercúrio. Foram banidos por causa das regras europeias e da toxicidade do mercúrio. Eram muito fiáveis. A comunidade científica gostava tanto deles, que não houve grande tempo de validar outros antes de eles desaparecerem e actualmente considera-se que os aneróides (mostrador redondo) são os melhores.
Ao contrário do que possam pensar, os "Dinamap" todos electrónicos são mais úteis nas unidades de cuidados intensivos do que na consulta de ambulatório. Hoje em dia, para fazer o diagnóstico de hipertensão com rigor, usa-se a monitorização de 24 horas, também nas crianças. A partir dos 3 anos já colaboram muito bem. Os aparelhos de pulso também não estão validados para pediatria, sobretudo nos mais pequenitos.
Agora atenção a uma coisa muito importante: os valores de pressão considerados normais numa criança saudável podem não ser de aceitar numa criança com doença renal. Não há nada pior para um rim, que uma hipertensão sustentada, leva a esclerose glomerular e perda de rim funcionante. Assim, na criança com doença renal, a pressão deve manter-se abaixo do percentil 50, se quisermos preservar a função renal restante. Nestas crianças, qualquer saída do canal de percentil habitual de pressão arterial pode ser indicação para iniciar tratamento.
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