Células Estaminais podem gradualmente substituir medicamentos anti-rejeição para os pacientes transplantados renais

8 de maio de 2008

Estudo procura eliminar os medicamentos anti-rejeição na sequência do transplante renal

Na sequência de um transplante torna-se necessário tomar medicamentos anti-rejeição, mas o uso prolongado destes medicamentos pode provocar efeitos secundários importantes, incluindo infecções, doenças cardíacas e mesmo cancro.

Uma equipa liderada por Joshua Miller, MD, um investigador da Northwestern University’s Feinberg School of Medicine, está a trabalhar com o departamento de transplantação do Northwestern Memorial Hospital, para encontrar sujeitos que se qualifiquem para nova investigação que procura transplantar células estaminais da medula do dador de rim no receptor, com a esperança de gradualmente eliminar a necessidade de medicamentos anti-rejeição. Se esta investigação tiver sucesso, pode significar uma mudança dramática na qualidade pós transplante dos receptores de órgãos.

O Northwestern é o único centro em Chicago e um dos quatro centros americanos que estão a investigar este tema. A Escola de Medicina de Fenberg recebeu um subsídio de 2.5 milhões de USD, para um período de 4 anos, do Instituto nacional de saúde americano para envolver 20 pacientes neste estudo, intitulado "Células estaminais do dador, compatibilidade, células T/B, Regulação em transplantes renais com HLA idênticos".

Os primeiros indíviduos a participar no estudo fizeram o transplante no dia 10 de janeiro. Sharon Flood of Pingree Grove doou o rim ao seu irmão Steven Yelk of Gurnee, que sofria de Doença Poliquística Renal (PKD), que causa quistos que se preenchem com líquido que formam os rins. Eventualmente, estes quistos ter-se-ão sobreposto ao tecido renal saudável e os rins falharam. " A nossa família é muito unida e existem vários irmãos e irmãs, senti-me lisonjeada por ser compatível e poder ajudar o Steven", comentou Sharon antes da cirurgia.

Joseph Leventhal, MD, PhD, cirurgião de transplantes, e professor associado de cirurgia na Northwestern University's Feinberg School of Medicine e director do programa de dador vivo no transplante renal no Northwestern Memorial Hospital, fez a cirurgia ao dador enquanto que Michael Abecassis, MD, MBA, chefe da divisão de transplantação realizou a cirurgia do receptor.
"A cirurgia foi um sucesso, tudo correu de acordo com o planeado e o novo rim está a funcionar muito bem", disse o Dr.Abecassis. A partir daqui o receptor do rim irá começar a parte experimental do estudo.

Este estudo está aberto a pares de dador-receptor com HLA's totalmente idênticos (100% compatíveis). HLA ou Antigénos Leucocitários Humanos, é um grupo de proteínas que se encontram na superfície dos glóbulos brancos e desempenham um papel muito importante na resposta imunitária do organismo a substâncias estranhas. Estes antigénos variam de pessoa para pessoa, e antes do transplante é efectuado um teste para avaliar da compatibilidade HLA, ou seja se os tecidos do dador e receptor são compatíveis.

Este estudo é limitado a pares de dador-receptor 100% idênticos porque geneticamente estes pares possuem maiores semelhanças ao nível dos marcadores imunológicos comparativamente a pares que não sejam 100% compatíveis. Porque esta população é a que tem a relação genética mais próxima, possuem as melhores hipóteses de sucesso neste estudo.

De um modo geral pares com HLA idênticos têm taxas de rejeição pós transplante renal muito baixas, no entanto e até agora, ainda assim precisavam de medicamentos imunossupressores para toda a vida.

Como funciona?


As células estaminais formam-se na medula e são células sanguíneas comuns a partir das quais se formam outras células especificas, tais como as células imunitárias. Estas células estaminais são consideradas importantes na prevenção da rejeição no pós-transplante renal. Ao transplantar estas células do dador do rim no receptor, o estudo procura provar que as células estaminais vão amadurecer no corpo do receptor e irão permitir que o seu sistema imunitário aceite o novo órgão como se fosse do próprio.

Para o dador do rim, a cirurgia laparoscópica é efectuada da maneira habitual. Depois do rim ser removido, é extraído medula óssea dos ossos da bacia do dador. Cerca de 3 meses após a cirurgia, o dador sujeita-se a dois procedimentos chamados de leucaférese, em dois dias distintos, onde as células estaminais extraídas da medula são retiradas para serem dadas no receptor do rim de modo a ajudar o seu corpo a adaptar-se ao transplante.

Aproximadamente um mês antes do transplante, o receptor é sujeito a leucaférese para retirar glóbulos brancos que são armazenados num laboratório para análises futuras. Depois do transplante, o receptor recebe quatro infusões separadas de células estaminais do dador.

As células estaminais são injectadas no receptor por via intravenosa num procedimento que demora cerca de 15 minutos. A primeira infusão é feita 5 dias após o transplante, a próxima cerca de 3 meses depois, a seguinte 6 meses depois e finalmente a última 9 meses após o transplante. Durante este período o receptor é tratado com Campath-1H, um anticorpo potente utilizado de forma corrente no Northwestern Hospital para prevenir as rejeições, juntamente com outros medicamentos anti-rejeição standard.

Cerca de uma ano após a cirurgia, é retirada ao paciente transplantado um medicamento anti-rejeição, e depois outro. Em simultâneo são efectuados testes para assegurar que o receptor está a aceitar bem o novo rim.

"Esta é uma área de investigação extremamente interessante que se apresenta promissora no caso de sucesso", refere o Dr. Abecassis. "Estamos muito entusiasmados por sermos o único centro nesta região a apresentar esta solução aos pacientes que se qualifiquem para este tratamento."

Fonte:
http://www.sciencedaily.com/releases/2008/01/080123125623.htm

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