Dadores vivos revelam elevados índices de satisfação e problemas de saúde mínimos

5 de dezembro de 2007

De acordo com um estudo efectuado a mais de 300 pessoas, e publicado no Jornal Britânico de Urologia - Internacional (BJU International), os dadores vivos de rim apresentam problemas de saúde mínimos e 90% deles encorajaria outras pessoas a tornarem-se dadoras se algum familiar ou amigo necessitasse de um transplante.

Uma equipa de investigadores do Egipto, onde as doações em vida são actualmente a única opção legal, levaram a cabo uma avaliação detalhada de 339 pacientes. Incluiram na investigação pacientes que haviam doado um rim entre 1976 e 2001.

"Os dadores vivos continuam a ser a principal opção nos países em vias de desenvolvimento, onde as doações de cadáver ainda têm grande margem de evolução, devido à falta de infraestruturas ou à implementação do critério legal de morte cerebral", explica o investigador responsável, Dr. Amgad E. El-Agroudy do centro de Nefrologia e Urologia da Universidade Mansoura.

"Mesmo nos países em vias de desenvolvimento, a crescente procura de rins resultou num aumento rápido do número de dadores vivos utilizados, o que conduz a uma maior preocupação com os riscos envolvidos no procedimento e com as suas consequências a longo prazo".

Todas as pessoas que participaram no estudo foram sujeitas a exames físicos e psicológicos extensos, o que incluía uma bateria completa de análises laboratoriais e um historial médico detalhado. Quaisquer problemas médicos foram comparados com as tabelas de saúde para a população em geral.

Os investigadores verificaram que os dadores vivos estudados tinham uma boa função renal e que, tendencialmente, apresentavam uma menor incidência de hipertensão, diabetes e doenças coronárias, relativamente à população egípcia em geral. Contudo, os investigadores salientam que os dadores tinham obrigatoriamente de possuir uma boa saúde de modo geral para poderem doar o rim, pelo que isto condiciona estes resultados.

90% dos dadores afirmaram que voltariam a tomar a mesma decisão se um familiar ou companheiro precisasse de um rim e que encorajariam fortemente outros a tornarem-se dadores.

47% dos dadores tiveram 65 bebés, incluindo 25 que tiveram um bebé pela primeira vez depois da cirurgia.

No Egipto realizam-se cerca de 1200 transplantes por ano com dador vivo, onde a incidência da doença renal terminal é de 200 pessoas por milhão de habitante.

No presente estudo, quase ⅔ dos dadores (62%) eram mulheres e a amostra incluía pessoas que tinham doado entre 5 e 30 anos antes, com um tempo médio de seguimento de 11 anos.

60% dos dadores trabalhavam no momento da doação e 67% tinham rendimentos moderados. Nenhum relatou ter perdido o emprego como consequência da doação e apenas uma pessoa referiu que a cirurgia ter-lhe-ia trazido problemas financeiros.

"A nossa conclusão é que a doação de um rim em vida é um procedimento seguro com complicações mínimas a longo prazo", refere o Dr. El-Agroudy. "De um modo geral, a função renal mantém-se boa depois de se retirar um rim e a satisfação do dador é consistente".

É importante referir que todos os dadores eram companheiros, cônjuges, ou familiares dos pacientes a quem doaram o seu rim.

"Acreditamos que é fundamental assegurar a assistência médica futura dos dadores, pelo que gostaríamos de ver estabelecidos programas de seguimento dos dadores em todos os centros de transplante, tal como temos no nosso, de forma a monitorizar a sua evolução."


Referência do Jornal: Long-term follow-up of living kidney donors: a longitudinal study. El-Agroudy et al. BJU International.100, p1351-1355. (Dezembro 2007).



Fonte: ScienceDaily

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