Rins de cadáver que antigamente não teriam sido aceites para transplante mostram afinal resultados satisfatórios

8 de novembro de 2007

Novos estudos mostram como as equipas de transplante poderão fazer uma utilização mais eficiente de órgãos de cadáver- mesmo daqueles que estariam fora dos limites de aceitação - de acordo com investigadores do Wake Forest University Baptist Medical Center.

No 13º Congresso da Sociedade Europeia para a Transplantação de Orgãos, organizado em Praga, Rajinder Singh, cirurgião de transplantes, apresentou os resultados de três estudos que sugerem, não apenas o potencial para expandir os critérios de admissibilidade de orgãos, mas também formas específicas de alcançar óptimos resultados.

"A nossa experiência sugere que os limites de aceitabilidade do dador podem continuar a expandir-se à medida que formos capazes de alcançar resultados de curto prazo aceitáveis com rins que antigamente não teriam sido aceites," disse Robert Stratta, investigador e cirurgião. "As nossas descobertas apontam para a importância da semelhança de idades entre dador e receptor, reduzindo os tempos de espera para um transplante, e tomando medidas para reduzir o atraso no início da função renal, bem como da rejeição aguda.

A investigação envolveu rins de dadores cadáver que satisfaziam os critérios-padrão para doação, bem como os dadores que satisfaziam o critério alargado. Este critério alargado foi criado em 2002 pela UNOS (United Network for Organ Sharing), para que os dadores de maior risco, antigamente considerados não elegíveis para doação, pudessem ser transplantados com segurança. Esta categoria, menos exigente, por assim dizer, inclui rins de dadores cadáver com mais de 60 anos de idade ou aqueles com mais de 50 anos e com alguns problemas de saúde, tais como tensão arterial elevada, ou mesmo elevados níveis de creatinina.

Os estudos concluiram então que:

  • Quer a sobrevida do paciente, quer a do enxerto eram semelhantes nos dois grupos (ou seja, no grupo que satisfazia os critérios-padrão de admisssibilidade para doação, bem como no grupo que satisfazia o critério mais alargado).
  • A compatibilidade/semelhança de idades entre dador cadáver e receptor pode conferir um benefício na sobrevida, independentemente da idade do receptor.
  • Os factores de risco para perda do enxerto em ambos os grupos incluíam: diabetes do receptor, receptores com mais de 60 anos, espisódios de rejeição aguda ou atraso no início da função renal. O atraso no início da função renal (implicando a realização de diálise temporária), foi o factor de risco mais importante que afectou o grupo de rins provenientes de dadores que satisfaziam o critério mais alargado. No entanto o Dr. Stratta é da opinião que este factor poderá ser reduzido através duma bomba que injecte líquido nos rins antes do transplante. No grupo em que os rins vinham dos dadores que satisfaziam os critérios-padrão, o principal factor de risco foi a rejeição aguda, o que sugere a importância de testes de compatibilidade cada vez mais sofisticados e de uma forte medicação anti-rejeição, como tentativa de melhorar os resultados.

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