Sabia que... Trimetoprim em Portugal

2 de maio de 2007

Aqui fica um exemplo bastante elucidativo da diferença abismal do preço dos medicamentos em Portugal, comparativamente a outros países, nomeadamente a Espanha.

O trimetoprim é um antibiótico usado muito frequentemente no tratamento e sobretudo na profilaxia, muitas vezes prolongada (anos, muitas das vezes), de infecções urinárias. Faz parte de um protocolo de tratamento conservador das dilatações da pelve renal, muito frequentes, com uma prevalência aproximada de 1% das gestações. Muitos de nós que lidamos com a doença nefro-urológica já tivemos, com certeza, de adquirir este medicamento.

Actualmente, em Portugal apenas é comercializado ao público sob a forma de medicamento manipulado, com uma validade de 30/60 dias. Até há sensivelmente 2 anos atrás, os medicamentos manipulados eram comercializados a um preço bastante mais acessível. No entanto, após uma alteração da lei, o preço destes medicamentos aumentou abruptamente (ver notícia). Neste momento, em Portugal um frasco com 100 ml de trimetoprim, custa cerca de 25 €, e é comparticipado em 50%, ou seja, com um custo para o utente de 12,50 €. Em Espanha o mesmo medicamento, com o nome Tediprima, do Laboratório Estedi, custa 1,69 €, com a diferença que não é manipulado, pelo que tem a enorme vantagem de ter uma validade de 3 anos e é também comparticipado em 50%.

Agora, perguntamos nós: será que o Estado não sabe fazer contas? Se considerarmos o número de nados-vivo por ano (cerca de 110.000 em 2005), e tendo em conta que, como sugere a literatura científica, em média, 1% das gestações tem um diagnóstico de malformação urológica (1.100 novas crianças por ano), logo com grande probabilidade de vir a tomar trimetoprim de forma profiláctica por um longo período de tempo. Se estas 1.100 crianças/ano tomarem trimetoprim, com um custo para o estado de 12,50 € por mês (em média), então, por ano o Estado gastará 165.000 € na comparticipação deste medicamento, quando poderia gastar apenas cerca de 11.000 €/ano. Isto já para não falar da quantia dispendida pelo utente.

Será que não existe uma entidade reguladora do preço dos medicamentos, que controle os mesmos de modo a que estas situações, inaceitáveis, se verifiquem? Se existe, não funciona, de todo, ou então, não tem em conta o interesse, nem do Estado e muito menos dos doentes!

Mais um exemplo de como somos competitivos...

4 comentários:

Helena Jardim disse...

Para onde se manda isto, Vanda?
Infarmed? Minsitério da Saúde também se devia mandar.

Ana Rute Oliveira Cavaco disse...

deixou de ser comparticipado, este mês!

Anónimo disse...

É necessária receita médica para adquirir o Tediprima (em Espanha) ou é de venda livre?
Obrigada por qualquer informação

Vanda Ferreira disse...

Olinda,
Já comprei com e sem receita em Espanha, penso que dependerá um pouco da farmácia. Algumas são mais complicadas como aqui, é uma questão de tentar, porque afinal de contas sempre é um antibiótico.