(In)Compatibilidade dos Tecidos

23 de maio de 2007

Transplante e compatibilidade são inevitavelmente palavras associadas. Para haver um transplante tem de haver compatibilidade, quer de sangue, quer de tecidos. Como já aqui foi referido num post anterior, é já possível realizar em determinadas circunstâncias, transplantes com dadores de sangue incompatíveis.

Além da compatibilidade sanguínea (ABO), é também avaliada, através de uma simples análise ao sangue, a compatibilidade dos tecidos (HLA). Os antigénios HLA (antigénios leucocitários humanos) são glicoproteínas presentes nas membranas de quase todas as células do corpo (células nucleadas). Esses antigénios estão em concentração especialmente elevada na superfície dos glóbulos brancos (leucócitos).

De modo geral, metade dos antigénios HLA de uma pessoa corresponde à metade dos antigénios HLA maternos, e a outra metade corresponde à metade dos antigénios HLA paternos. Ora, o melhor dador será (em princípio) aquele que tiver compatibilidade de sangue e simultaneamente melhor semelhança face ao receptor ao nível dos antigénios HLA.
O nosso organismo possui dois conjuntos destes antigénios (cientificamente denominados de Haplotipos), herdados dos nossos progenitores. No caso em que os progenitores possuam um antigénio idêntico, o seu descendente herdará então apenas um deles. Neste caso, não existirá compatibilidade entre um dos pais e o filho.

Outro exame, de extrema importância, e que é efectuado momentos antes do transplante é a Prova cruzada ou crossmatch. Trata-se de uma análise ao sangue, em que se irá procurar anticorpos pré-existentes no soro do receptor, dirigidos contra as células do dador.
Aquilo que se pretende é que este teste seja negativo, ou seja, que o receptor não tenha anticorpos contra aquele dador em particular e portanto, que pode receber dele um qualquer órgão. Estes anticorpos podem surgir por diversos motivos, normalmente com transfusões sanguíneas, com transplantes anteriores, ou até mesmo com uma gravidez.

Os doentes que estão em lista de espera para transplante fazem periodicamente (em princípio, a cada 2/3 meses) várias análises para detectar estes anticorpos.
Os medicamentos imunosupressores que os transplantados têm de tomar ad eterno servem precisamente para minimizar estas barreiras imunológicas e garantir a maior sobrevivência possível do enxerto (órgão).
Ver mais informação aqui e aqui.

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